INTRODUÇÃO
Os reformadores, Martinho Lutero, João Calvino e outros que vieram antes deles como João Wiclyffe, João Huss e outros haviam concluído que a igreja romana era o poder do anticristo profetizado em Daniel e Apocalipse. (1) Então em desespero Roma conclamou o Concílio de Trento (2) para tentar neutralizar o desafio constrangedor dos reformadores. Foi aí que entrou o padre espanhol Francisco Ribera (1537-1591), e durante 20 anos escreveu um comentário sobre o Apocalipse com 500 páginas intitulado “Em Sacrum Beati Ioannis Apostoli e Evangelistiae Apocalypsin Commentarii,Enciclopédia (3). Nesse novo comentário, Ribera introduziu um novo método de interpretação da bíblia denominado de FUTURISMO. O que há de novo? Ele tomou as profecias de Daniel e Apocalipse que tiveram seus cumprimentos ao longo da história, na visão Historicista e aplicou todas ao futuro. Como nas profecias apocalípticas de Daniel e Apocalipse o anticristo representa o poder romano, Ribera concluiu com seu método Futurista que a igreja romana não cumpre o papel do anticristo, uma vez que ele somente aparecerá no futuro durante o período dos sete anos de tribulação.
Posteriormente, um pregador irlandês chamado João Nelson Darby (1800-1882) criou um método semelhante de interpretação da bíblia chamado de DISPENSACIONALISMO. Nesse método de interpretação de Darby, o anticristo virá para governar o mundo durante os últimos sete anos da história da humanidade. Ele fará aliança com Israel e reconstruirá o templo e os serviços religiosos em Jerusalém. Mas na metade destes sete anos, ele mudará de ideia, abolirá os serviços religiosos e os sacrifícios em Jerusalém, criará um caos em todo mundo, tornar-se um ditador implacável e com isso causará a chamada Grande Tribulação em todo mundo. (4) No início desses sete anos, Jesus virá e fará o arrebatamento secreto dos fiéis. O mundo entrará num caos sem precedente na história. Então no final dos sete anos Jesus voltará outra vez à terra para buscar os que se arrependeram durante esses sete anos. Continuando esta linha de Futurismo de Ribera e o Dispensacionalismo de Darby, os escritores americanos Tim LaHaye e Jerry Jenkins escreveram uma série de livros denominados Left Behind (Deixados para Trás) que geraram o filme traduzido para o português – Deixados para Trás, assistido por milhões de espectadores no mundo todo. As perguntas chaves que precisam ser respondidas são:
- Onde posso encontrar nas profecias bíblicas apoio para o cumprimento das promessas Messiânicas em Israel como nação literal?
- Onde encontraram dentro da bíblia esses sete anos?
- Os perdidos terão uma segunda oportunidade de salvação após o arrebatamento secreto?
- Há apoio bíblico para o arrebatamento secreto?
Respostas: Não há como provar biblicamente nenhuma dessas perguntas. Vamos aos comentários.
I – PARTE: AS PROFECIAS CONDICIONAIS NO A.T.
Iniciamos nossa jornada às repostas das perguntas acima, com Deuteronômio. 30:1- 4 e 10. Esse texto faz parte dos últimos discursos que Moisés apresentou ao povo pouco antes da entrada na Terra da Promessa. Note especialmente que os versos 2 e 4 são claros sobre a condicionalidade da promessa. As perguntas que devem ser feitas aqui são: Foi Israel fiel? Resposta. Não. O que aconteceu com eles? Respostas: Em 722 AC. os Assírios invadiram o reino de Israel (Norte) e levaram a nação para o cativeiro. O reino do sul ainda continuou fiel por mais alguns anos. Mas finalmente por volta do ano 600 AC, veio Nabucodonosor rei dos Caldeus e levou a nação de Judá para o cativeiro babilônico (5) Se você voltar a ler com cuidado o discurso de Moisés notará que no discurso há a probabilidade de retorno a terra da Promessa se houver um retorno a obediência. Esse é o amor de Deus. Note que o amor de Deus não era condicional, mas a profecia era. Agora vamos ler Jeremias capítulo 25, e ali encontraremos a profecia de Jeremias dizendo que Deus os traria de volta à sua terra depois de 70 anos de cativeiro. (6) Enquanto estavam no cativeiro, três profetas se destacaram: Daniel na corte de Babilônia, Ezequiel com os pobres espalhados pelo reino Caldeu e Jeremias com os que sobraram em Judá. Cada um fazia o seu melhor para ajudar o provo a ser fiel a Deus e voltar para sua terra. O profeta Ezequiel escreveu no cativeiro. (7) Aqui Deus volta a dizer que Ele vai pastorear Seu povo outra vez. E quem seria esse pastor? (8) Aqui diz que seria Davi. Como Davi já estava morto há muito tempo, então só nos resta concluir que Davi aqui é apresentado como uma figura do Messias vindouro. No capítulo 34: 11 e 15, temos a explicação conclusiva. Deus apascentará Seu povo, embora ele tenha falhado. Ellen White diz: “Os israelitas falharam no cumprimento do desígnio de Deus, deixando assim de receber as bênçãos que lhes teriam pertencido” (9). Se as bênçãos eram condicionais e eles desobedeceram como fica a Promessa? Fracassou o plano de Deus? Resposta: Não. Leia Isa. 11:1-4 e 6-9. Aqui diz que o povo de Deus falhou – os reis de Israel e Judá falharam, os líderes espirituais falharam, mas a promessa de Deus está centralizada em Cristo, portanto não falharia. Porque Deus buscaria um Remanescente que fosse fiel para cumpri-la.
II – PARTE: COMO AS PROFECIAS CONDICIONAIS FEITAS A ISRAEL NO AT SE CUMPREM NO N.T.
Bem, ao estudarmos a história de Judá e de Israel vimos que após os dois grandes cativeiros, (10) a maioria deles ficaram perdidos entre as nações para onde foram levados. Mas um remanescente voltou e recomeçou o processo. Como ficam as profecias do A.T. que falavam do ajuntamento do povo de Deus na geografia da terra da Promessa? Ainda teriam valor? Ainda deveriam lutar por isso? Resposta: Não. A partir da nova dispensação o ajuntamento agora não era mais geográfico. Lemos em S. João 1:1,1 que Jesus veio para os Seus, mas eles O rejeitaram. Ainda lemos em S. João 10:11 e 16, que Jesus é o bom pastor e tem outras ovelhas (Gentios) que não são deste aprisco, mas serão porque Ele vai ajuntá-las. Isso era o cumprimento de Isaías 56:8. Então conclui: “Haverá um só rebanho e um só Pastor”. Quem será esse pastor? Jesus. Sendo assim no Novo Testamento, o cumprimento da Promessa envolverá dois pilares:
- Cristológico e não geográfico. A profecia indica que o ajuntamento seria nEle (11) e não numa cidade ou numa montanha ou numa geografia qualquer. Além disso, Jesus diz que haverá um só rebanho. Então Ele admite que o Pastor deste rebanho será Ele mesmo.
- O segundo pilar é o cumprimento eclesiológico. Atos 15:14-17 fala deste cumprimento da Promessa. Ele será o pastor de um povo, de uma igreja.
III PARTE – O NOVO ISRAEL.
Historicamente depois de quase dois mil anos de desterro, Israel voltou à sua terra em 1948 e é reconhecido como uma Nação. (12) Profeticamente e escatologicamente não há nenhum cumprimento de profecia nesse retorno. Por que não? Porque quando Seu povo O rejeitou, Ele disse:
- Em S. Mat 23:37 e 38 Jesus disse que como eles não quiseram ser ajuntados sua casa ficaria deserta.
- Em S.Mat. 21:43 Jesus diz que o reino seria tirado deles e dado a outro povo que produzisse os frutos.
A essa altura, você estará perguntando: E como fica a salvação do povo judeu se eles foram rejeitados? Resposta: Fica como a salvação de qualquer pessoa. Basta que se una a Cristo e a Sua igreja que serão aceitos como ovelhas do bom pastor – Jesus. Paulo esclarece este ponto de maneira magistral em Gal. 3:26-29. Na nova dispensação não há geografia, nem raça, nem cor, nem etnia. A promessa será cumprida em Cristo e em Sua igreja.
Até aqui mostramos que não há apoio bíblico para alguém se salvar indo a Jerusalém ou a Israel ou a um monte santo qualquer na nova dispensação. E onde os Dispensacionalistas encontram os sete anos? Eles fazem uma manobra e uma violação das regras de interpretação bíblica. Pegam a profecia de Daniel 9:24-27 que fala de semanas de anos, arrancam os sete anos relacionados com o período que vai do batismo de Jesus no ano 27 AD até o ano 34 com o apedrejamento de Estevão e os coloca no final dos tempos. É uma verdadeira aberração, porque o período de sete anos é deslocado de seu contexto em cerca de dois mil anos. E quanto os ímpios terem uma segunda oportunidade entre o arrebatamento secreto a segunda vinda de Jesus? A bíblia é muito clara. Paulo diz em Hebreus 9:27 e 28 que depois da vinda de Jesus já não haverá mais o problema do pecado. Depois da Sua vinda virá o juízo e não uma segunda oportunidade. Em todos os textos bíblicos você encontra o mesmo desafio. Sua oportunidade de salvação é agora nessa vida. (13) E finalmente a bíblia não apoia o arrebatamento secreto. Mateus 24:31 diz que Ele virá com grande clangor de trombetas. Mateus 24:27 diz que ele virá como o relâmpago que se mostra no céu. Paulo diz que Ele virá com alarido e com a trombeta de Deus. I Tess 4:16-20. Apocalipse 1:7 diz que quando Ele vier todo olho o verá.
CONCLUSÃO:
Concluímos dizendo que não encontramos nenhuma resposta satisfatória na bíblia para as quatro perguntas formuladas no início desta matéria. Nossa oração é:
Esteja preparado para estar unido a Cristo e a Sua igreja porque um dia Ele cumprirá Sua Promessa com o remanescente fiel não importa se você é judeu ou gentio.
Ninguém será deixado para trás.
- Sua oportunidade de salvação é hoje. Esteja preparado para o arrebatamento visível, audível, grandioso e espetacular quando Jesus vier nas nuvens com os anjos e com a comitiva celestial. Amém
- Dwight Nelson , “Ninguém Será Deixado Para Trás, pág. 41” – Casa Publicadora Brasileira.
- O Concílio de Trento, realizado de 13 de dezembro de 1545 a 4 de dezembro de 1563, foi o 19.º concílio ecumênico da Igreja Católica que reafirmou os dogmas da Igreja questionados pela Reforma Protestante, bem como estabeleceu ações para conter o avanço do protestantismo e possibilitar a expansão da fé católica pelo mundo. Wikipédia
- site:ao.wikiqube.net
- O Futuro – Unaspress, pág. 232
- Ver II Crônicas 36 17-19; Jeremias capítulo 38:1-10,
- Jeremias 25:11
- Ezequiel. 37:21 a 23
- Ezequiel. 37:24
- C.B.V. pág. 285
- O cativeiro de Israel para a Assíria em 722 Ac, e o de Judá para a Babilônia por volta de 600 Ac.
- Mateus 18:20. “Onde estiverem reunidos dois ou três em Meu nome ali estarei no meio deles.” A reunião não será mais geográfica, mas em Cristo.
- No dia 14 de maio de 1948, sexta-feira, após algumas discussões, o Conselho Nacional, criado para examinar as necessidades políticas da comunidade judaica na Palestina votou aceitando o texto final da Declaração de Independência. Naquela tarde, às 16 horas, David Ben-Gurion, presidente do Conselho Nacional, leu a Declaração de Independência no Museu de Tel Aviv. Sem eletricidade em Jerusalém, poucos escutaram as palavras de Ben-Gurion ou o canto e a execução de “Hatikvah”, o hino nacional de Israel. Naquela manhã, sem saber ao certo quando iria eclodir uma guerra com os Estados árabes, Ben-Gurion pediu ao seu secretário que levasse a Declaração a um banco local para ser guardada num cofre.” Declaration of Independence. CIE Digital May 9, 201
- Ver Mateus 18:22; II Pedro 3:9 e Hebreus 3:15